Dispersa


Aonde foi que te perdi? Que me perdi? Caminhávamos juntos, em passos iguais, sem olhar pro lado ou ao menos pra trás. Talvez, por essa simetria tão inconstante, eu tenha te amado tanto. Porque a gente sempre ama quem é igual a gente, não é? Mas a gente não entende. E conflita. Porque igualdade demais sempre gera diferença. E um sempre sobra. Eu sobrei de nós. Você continuou seu caminho enquanto eu fazia as contas das noites de sono que já havia perdido. Se eu corresse um pouco, por mais desgastante que fosse, eu te alcançaria. Ofegante, cansada e sua. Mas ninguém precisa de mais cansaço do que o que a vida já dá de graça. Você fugiu, como sempre. Pra mesma direção, tão longe de mim e tão dentro de ti. Estranho saber que não importa o quanto eu esteja próxima de você, ainda corre em círculos dentro de si. No fundo, eu precisava de alguém que me procurasse. E você, procurava o mesmo que eu.


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