As palavras que ficaram


Não sei o que procuro com essas palavras. Seu coração ainda continua preso aos velhos amores, uma biblioteca há muito fechada. Mas é que a luz acabou e eu lembrei da gente trocando mensagens a última vez que isso aconteceu. Afinal, quando a luz acaba eu quase esqueço que ainda posso te escrever cartas. De qualquer forma, não é isso. Não é nada. É só que de repente, você parece mais longe que em todos os últimos anos, e eu nem sei se vou conseguir te mandar essa folha. Finjo que você não mora apenas alguns corações longe, pra enganar essa saudade corriqueira. Mas a saudade tomou seu lugar aqui pertinho e te empurrou pra bem longe. Eu tenho perdido as palavras, você, o sono. Vizinha barulhenta essa. Sempre gritando no meu ouvido que você não vai tocar a campainha de madrugada, nem me ligar pra dizer que me odeia, me odeia tanto que não consegue parar de pensar em mim. Talvez eu tenha escutado coisas, porque o cansaço de aceitar sua partida me desgasta demais. Eu precisava te inventar, pra ver se assim, acho motivo pras minhas palavras. E razão pra bagunça que sou. Ou que sobrou.

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