Queda.

5209950596_31eb926ed8_b_largeEnquanto uns abriam a janela e a empurravam para fora, outros a mantinham presa. De qualquer forma, nunca era permanente.
Era pequena, preta, desengonçada. Estava tão acostumada com o silêncio escandaloso de si mesma que se assustava quando alguém a via. Uns a expulsavam, outros apenas a olhavam com um olhar relevante de quem sabe que logo ela vai embora. Tinham medo, ela pensava. Medo de ver uma mariposa pousando perto.
Enquanto isso, outras borboletas entravam. Lindas, coloridas, brilhantes e sendo seguidas pelos olhos e atenções. Ela já estava ali há tanto tempo, e entre um tapa e outro, ninguém a vira.
Era assim, todos os dias. Ela, uma pequena mariposa preta e feia em meio a milhões de outras borboletas cheias de encantamento. Era vulnerável, ia embora logo e era raro que alguém a quisesse por perto. Com tantas borboletas, por que escolheriam ela?
Ela era especial, e mesmo que tão poucos a vissem e a admirassem, era tão mais bonita que tantas outras. Porque ela nunca seria especial sozinha. Quando alguém a escolhesse, ela saberia.
Seria especial também.

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